Papa Francisco diz que Igreja não é mãe que reclama, nem sogra que vigia

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Na sua primeira missa campal no Equador, o Papa Francisco dedicou uma longa homilia aos problemas da família, e arrancou sorrisos ao afirmar que a Igreja não é uma mãe que “reclama”, nem uma “sogra” que se regozija pelos erros alheios.

O sumo pontífice usou esta metáfora para descrever a disposição da Igreja para atender os problemas enfrentados pelas família ao invés de culpá-las.

“Maria (Nossa Senhora) não é uma mãe reclamadora, e tampouco uma sogra que vigia para se regozijar com as nossas imperícias, erros e momentos de desatenção. Maria é simplesmente uma mãe. Ela está aí, atenta e solícita”, afirmou.

O Papa insistiu sobre a importância deste trecho do sermão, ao pedir para que seja repetido em coro pelas centenas de milhares de fieis que o escutavam no Parque Los Samanes, em Guayaquil.

Para embasar o sermão sobre crises de família, Francisco citou as Bodas de Caná, trecho do evangelho que relata o primeiro milagre de Jesus, quando transformou água em vinho depois de Maria mostrar preocupação pela bebida ter acabado na festa.

“As bodas de Caná se repetem a cada geração, com cada família, com cada um de nós, e nossas tentativas para fazer com que nosso coração consiga alcançar amores duradouros, fecundos e alegres”, enfatizou.

“No seio da família, ninguém é descartado, aprende-se a dominar a agressividade e voracidade e a pedir perdão quando causamos algum dano”, completou.

800 mil fieis

. Milhares de fiéis aguardam a chegada do Papa Francisco para missa campal em Guayaquil, no Equador, nesta segunda-feira (6) (Foto: Fernando Vergara/AP)

A mensagem de Francisco calou fundo entre os presentes, que suportaram um calor extremo de até 32º C com jatos d’água lançados pelos bombeiros. No entanto, algumas pessoas perderam a consciência e precisaram ser socorridas.

A primeira missa da viagem de sete dias do Papa de 78 anos à América do Sul aconteceu na presença de 800 mil fieis, de acordo com o balanço do governo.

A crise da família será um dos temas que serão debatidos em outubro no Vaticano durante o sínodo dos bispos, no qual serão fixados os critérios com os quais a Igreja do século XXI encarnará as mudanças das sociedades modernas, como a família monoparental, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e o acesso à comunhão para os divorciados que voltarem a se casar.

“O vinho é sinal de alegria, de amor, de abundância. Quantos dos nossos adolescentes e jovens percebem que em suas casas faz tempo isso falta. Quantos idosos se sentem deixados de fora da festa de suas famílias, em um canto”, clamou o Papa.

Ainda assim, Francisco se mostrou muito otimista com o futuro da família: “O melhor vinho está por vir naqueles que hoje veem tudo desabar”.

Na terça-feira, o papa celebrará uma segunda missa campal em Quito, no parque Bicentenário, onde são esperadas um milhão de pessoas. Depois ainda irá para Bolívia e Paraguai.

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