“Evitei pensar em comida para não ficar com mais fome”; diz um dos resgatados na Tailândia na coletiva

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Os 12 meninos e seu treinador de futebol que foram resgatados de uma caverna parcialmente inundada na Tailândia deixaram nesta quarta-feira (18/07), o hospital onde estavam internados ao norte da Província de Chiang Rai. Eles deram a primeira entrevista coletiva transmitida em rede nacional.

Sorridentes, os meninos se apresentaram à imprensa falando seus nomes e as posições em que jogam na equipe Javalis Selvagens. Um deles afirmou que foi um milagre o grupo ter sido encontrado depois de passar nove dias preso na caverna.

Os jovens detalharam que não tinham comida e sobreviveram bebendo água da chuva que escorria pelas paredes. Eles tinham comido antes de entrar na gruta e não levavam alimentos. “No primeiro dia estávamos bem, mas depois de dois dias começamos a nos sentir cansados”, disse um dos garotos. “Eu não tinha forças. Tentei não pensar em comida para não ficar com mais fome”, disse Titan, de 11 anos, o mais jovem do grupo, ao explicar como resistiu a tantos dias de isolamento.

Eles também disseram que tentaram cavar com pedras um buraco para sair da caverna, mas não conseguiram. “Nós tentamos sair porque achamos que não podíamos esperar que as autoridades nos resgatassem”, explicou o técnico Ekkapol Chantawong.

O treinador também explicou durante a entrevista que a ordem na qual os meninos foram retirados da caverna não foi influenciada pelo estado de saúde de cada um deles. “Aqueles cujas casas são mais afastadas saíram primeiro para que pudessem dizer a todos que os outros meninos estavam bem”, disse Chantawong.

Meninos resgatdos de caverna na Tailâbdua
Além de monitorada por especialistas, o departamento de relações públicas de Chiang Rai solicitou as perguntas antecipadamente à imprensa para submetê-las aos psiquiatras Foto: Chaichan Chaimun / EFE

“Foi um milagre”, disse em inglês Adul Sam-On, de 14 anos. “Eu estava com medo de não conseguir voltar para casa, de ser repreendido pela minha mãe”, afirmou um dos garotos. “Bebemos água apenas das estalactites (formações rochosas no teto de grutas).”

Recuperação

Os jovens ganharam cerca de 3 kg cada um desde o dia que foram resgatados, informou o diretor do hospital no qual estavam internados. Eles perderam 4 kg durante o tempo em que ficaram isolados na caverna. O time tailandês realizou “exercícios para a construção de confiança” durante a última noite no hospital, disse o diretor da instituição.

Meninos resgatados na Tailândia
Meninos foram levemente sedados para evitar que entrassem em pânico ao serem retirados da caverna e encaminhados ao hospital Foto: Ministério da Saúde da Tailândia e Hospital de Chiang Rai / AP

Usando uma camiseta com o desenho de um javali, em referência ao nome da equipe de futebol, os adolescentes se apresentaram de forma individual, depois de terem improvisado passes com uma bola no local onde foi realizada a entrevista. “Meu sonho é ser um jogador profissional”, disse um dos resgatados.

Os médicos decidiram antecipar a alta em um dia e as autoridades permitiram que o grupo falasse com a imprensa antes de seguir para casa, em razão do enorme interesse provocado pela história.

Os especialistas advertem que os jogadores da equipe Javalis Selvagens e seu treinador poderão sofrer transtornos em longo prazo, em razão da intensa experiência vivida na caverna de Tham Luang. Os médicos avisaram às famílias dos meninos que eles deverão evitar conversas com jornalistas durante ao menos um mês depois de voltarem para casa.

A entrevista desta quarta-feira foi monitorada por especialistas, e o Departamento de Relações Públicas de Chiang Rai solicitou as perguntas antecipadamente à imprensa para submetê-las aos psiquiatras. O programa chamado “Enviando os Javalis Selvagens para Casa” foi transmitido pelas principais redes de televisão durante cerca de uma hora.

Após nove dias desaparecido, sem comida e sem água potável, o grupo foi localizado por mergulhadores britânicos a vários quilômetros da entrada da caverna inundada. Os socorristas estudaram a melhor forma de tirá-los da gruta e optaram por uma operação arriscada que implicava guiar os meninos por passagens inundadas em macas. Eles foram levemente sedados para evitar que entrassem em pânico. / REUTERS e AFP

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