A palhaçada de Tiririca. Por José Maria Couto Moreira

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O palhaço Tiririca, ou o parlamentar Tiririca, como queira o leitor, protagonizou outro dia sua última palhaçada. Travestido de deputado, ou até de orador, assumiu a tribuna da Câmara Federal, de que é integrante pela vontade soberana do povo de São Paulo, para dirigir aos brasileiros o que chamou de sua derradeira atuação naquela Casa.

Em cinco minutos o indigitado deputado despediu-se dos seus 1.300.000 eleitores e dos colegas, momento em que, sem distinguir nomes, criticou a atuação da maioria pela ausência de virtudes cívicas e o papel de omissão da Câmara diante dos problemas nacionais.

Faltou a Tiririca dizer que tais problemas se arrastam e se multiplicam há décadas, e desde a sua triunfante chegada à aquela alta corte legislativa, se negou, por incompetência ou comodidade, a participar da solução de qualquer deles, à vista de sua contribuição seguidamente omissiva, salvo notícia de algumas iniciativas em favor da classe a que pertence. Faltou também ao ético Tiririca explicar seus deslocamentos em aviões da FAB, acompanhado de colegas, para destinos onde, coincidentemente, realizava shows, e faltou também esclarecer a quais títulos consumia a gorda verba de gabinete (logo ele, integrante do Partido da República !), pois só estas estrepolias e travessuras outras resumiam sua presença no legislativo federal.

Incompetência, comodidade e irresponsabilidade social. Estas ocorrências em seus dois mandatos é de que padecem, em sua maioria, o corpo legislativo, a que se pode agregar um nítido interesse pessoal nas diligências parlamentares, onde só poderia estar presente o verdadeiro interesse público.

Dito acontecimento arranca também as últimas gargalhadas de seus eleitores, que vingaram, na pessoa do palhaço, das expectativas desmentidas ou rejeitadas que o povo brasileiro sempre mantém em relação aos compatriotas do legislativo.

Espera-se, por ora, que o alegre povo paulista não incida em nova brincadeira, pois a egrégia Câmara Federal não pode ser nosso picadeiro, porque, se assim for, os eleitos poderão revidar a provocação com brincadeiras ofensivas a nós e ao erário. O eleitorado paulistano, por sua vez, autor desta gaiatice, também é useiro de pilhérias idas, quando desejou, pela mesma via, se encaminhasse ao legislativo municipal as figuras grotescas do rinoceronte Cacareco (pedido emprestado ao zoológico de S.P), e mais depois, a do Macaco Tião (desta vez pela voz irrequieta e zombeteira do carioca). Ambos, um tanto impulsionados pela euforia democrática (1988), competiram e lograram resultados numericamente vitoriosos (com a colaboração da Justiça Eleitoral de então), quando, ainda, se apuravam eleições documento a documento, voto a voto ! E quando, uma Câmara cândida, não fizera instalar em toda a República os veios pelos quais se fizeram milionários muitos de seus membros com mensalões e petrolões. Perderam-se os votos e ganhou a fanfarronice, mais uma vez presente em nosso cenário político.

Um apelo aos paulistas e aos paulistanos: Não repitam a facécia.

José Maria Couto Moreira é advogado.

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